terça-feira, 8 de novembro de 2011

VIAGEM PARA NÓIA


Bois pastam no céu, postes andam pelas ruas. Baratas bebem cerveja no bar da esquina. Vejo esqueletos na calçada a caminhar. Monalisa faz caretas no quadro da sala de estar. Hitler jura vingança no livro rasgado no chão do banheiro. Uma vitrola insiste em tocar Mozart, um revolver expulsa uma bala de seu cano. No céu uma batalha entre o vermelho-sangue e o azul tem início. Em baixo de uma cama um homem vê um precipício. A água do oceano não deu para matar a sede de um camelo. Minhas veias insistem em sair do meu corpo. Minha cabeça lateja, parece até que vai estourar. Subo pelas paredes com medo do vômito que inunda meu apartamento. Ouço gritos desesperados de angustiados. Ouço choro de fetos que do útero foram arrancados. O negro da noite começa a tomar conta da claridade, e eu começo a me desesperar. Sinto que meu coração parou de bater, vejo meu corpo cair sem vida e derreter. Já sinto as pontadas do garfo e a quentura do fogo. É tudo tão escuro. Está tudo tão escuro! Estou com medo! Estou morrendo e com medo!

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